Vivemos
numa sociedade com pressa. Presos muitas vezes a uma rotina, andamos quase
sempre a contrarrelógio, sentindo que o tempo foge à nossa frente e que nunca
temos a capacidade de o agarrar. Dizemos que não temos tempo, no entanto,
perdemo-nos nas malhas das redes sociais, deixamo-nos arrastar por histórias
banais e ficamos ali presos, deixando que a vida e aquilo que realmente importa
passe ao nosso lado.
Vivemos
numa sociedade em que as pessoas parecem ter tirado um curso de direito, quiçá um
diploma obtido num pacote de farinha Amparo, pela quantidade de julgamentos que
dirigem relativamente às outras. Condenar sem provas tornou-se algo atual,
talvez um revivalismo da época medieval?
Vivemos
numa sociedade que parece não tolerar o erro e a dúvida, o que é normal, pois
não nascemos todos ensinados? Se ousamos perguntar ou sequer a expressar uma
ténue dúvida, somos atacados com palavras aguçadas e sujas, como os penitentes
numa procissão de Auto de Fé, nos tempos da Inquisição. Sorte a nossa que estão
proibidas as queimadas!
Vivemos
numa sociedade consumida pelo excesso de consumo e que se consome progressivamente,
devorando-se a si própria.
Vivemos
numa sociedade onde as pessoas reclamam os seus direitos, com toda a
legitimidade, mas na hora de cumprir os seus deveres, fogem com toda a
velocidade.
Passamos
o tempo a lamentarmo-nos, a chorar aquilo que não temos, a invejar o que é dos
outros, a criticar o semelhante, agarrados às nossas frustrações, obcecados
pelo que é material, consumidos pela raiva, vendo só o lado escuro da nossa
vida… de tal forma que nos esquecemos que há sempre uma razão para nos
sentirmos gratos.
E
assim, celebrando a 4 de setembro mais um ano de vida, senti que deveria
expressar a minha gratidão. Estou grata aos meus pais por me terem dado a vida,
por todos os dias me ajudarem e me terem mostrado que o amor nem sempre se
demonstra por palavras, mas através das ações. Estou grata pelos meus avós,
cuja memória carrego comigo diariamente, assim como a saudade que me pesa no
peito. Estou grata por todas as pessoas que me ajudaram a crescer, que fizeram
e/ou fazem parte da minha família, mesmo sem laços de sangue, e por todas as
que se cruzaram na minha vida, mesmo as que não gostavam de mim, porque todas
me ensinaram alguma coisa e foram importantes. Estou grata pelo que sou hoje,
pela família que formei, por ser mãe e ter descoberto o amor incondicional,
pelas minhas experiências profissionais, pela oportunidade de escrever neste
jornal… Acima de tudo, estou grata pela vida.
E
o leitor, pelo que é que está grato?